Nesta semana me deparei com um tema recorrente em conversas distintas com dois perfis de mentorados: a dificuldade na comunicação entre líderes e liderados. Duas pessoas, em situações diferentes – uma em posição de liderança e a outra liderada – trouxeram à tona os desafios de dar e receber feedback. E essa sincronicidade me fez refletir ainda mais sobre a importância da escuta atenta e da comunicação transparente no ambiente de trabalho.

Expressar uma crítica ou discordância para um líder não é fácil. Se você está em uma posição de liderança e alguém da sua equipe está buscando essa conversa, é porque existe algo realmente importante para ser discutido. Afinal, ninguém gosta de reclamar, ainda mais para o próprio chefe ou pior – sobre o próprio chefe.

Mas por que muitos líderes hesitam em abrir esse espaço para a conversa? Acredito que a resistência em escutar muitas vezes está enraizada no medo. 

• • Medo de se deparar com as próprias falhas. 

• • Medo de se sentir julgado. 

• • Medo de como você será visto diante disso ou até mesmo, de perder o controle da situação. 

• • Medo da crítica ser um reflexo da sua competência como líder e de demonstrar vulnerabilidade perante a equipe.

Esses receios, compreensíveis por sinal, talvez sejam mais perceptíveis em profissionais que ainda estão trilhando seus caminhos na liderança, descobrindo seus estilos e buscando se firmar nesse papel. No entanto, é fundamental lembrar que escutar e validar a perspectiva da equipe não significa perder a sua própria voz, concordar com tudo ou ter que atender a todas as expectativas.

Pelo contrário: abrir espaço para o diálogo, com empatia e respeito, demonstra segurança e maturidade, permitindo construir um ambiente de trabalho mais justo, colaborativo e aberto ao desenvolvimento de todos. Afinal, estar presente e aberto a ouvir é um ato de coragem e liderança.

E na minha experiência, são os líderes que escutam, acolhem as vulnerabilidades e buscam evoluir constantemente que inspiram, motivam e constroem equipes mais fortes e preparadas para enfrentar os desafios. Portanto, pratique a escuta ativa. Evite reagir com justificativas ou tentar reverter a situação. Crie pontes para que a comunicação flua em ambas as direções. Implemente sistemas de feedback estruturados, promova conversas individuais regulares e mostre, na prática, que você está aberto a ouvir as perspectivas, ideias e, sim, as críticas daqueles que, assim como você, estão buscando construir um ambiente de trabalho mais positivo e humano. 

Afinal, liderança é um privilégio e também uma atitude. É ter em suas mãos a capacidade de transformar, para o bem ou para o mal, a vida profissional das pessoas que confiam em você – seja você um líder, ou um liderado. 

Créditos da imagem: Ava W Burton | Unsplash